Tenho andado ausente, bem sei. Uma vez mais não é por estar
a abarrotar de paciência (cada vez mais difícil), ter estado num retiro
espiritual, estar a nadar em luz, áureas, coisas do bem e coisas do género. Nem
é por falta de material…. Pelo contrário… as situações que irritam a minha doce
paciência continuam a pular como coelhos mega reprodutores aos meus pés… já o
tempo foi à máquina de lavar juntamente com a minha camisola de lã preferida…
no programa errado… e deu nisto… minorquinha quem nem visto.
É que eu podia falar da banha peluda, isto é, da barriga do
maior pintas que veste camisolas justas (e curtas) ao contrário porque é
hipster e tem a mania que é sexy
Eu podia falar do Don Juan da moita que joga charme entre
amigas
Eu podia falar da minha pontaria certeira em ficar nas mesas
em que a média de idade ronda os 70 anos
Eu podia falar na minha estranha maneira de me assustar com
a normalidade
Eu podia falar das pessoas que se metem nas camas das outras
Eu podia falar do vizinho do meu boguinhas que não consegue
estacionar a merda do gigante do carro um pouco mais afastado do meu (tenho
problemas de espaço, já sei!)
Eu podia falar do São Pedro que tem a mania de fazer chover
cães e gatos nos fins-de-semana de praia
Eu podia falar das aparências, dos conhecimentos, do
silêncio e das horas não dormidas
Podia falar da força negra que me obriga a sair do caminho
do bem
Da linha do coração escavada na minha mão
Podia falar do gato que continua hiperactivo mas igualmente tão
fofinho que só ele sabe ser
Dos constantes saltos entre o
Mundo-em-que-se-trata-tudo-por-você e o Mundo-em-que-finalmente-somos-todos-tu
que me deixam em curto-circuito
Da má educação das pessoas que se dizem de berço
Da música que tentam trazer aos meus ouvidos para me cegarem
Da humildade dos que pouco têm e dão
Das ditaduras comportamentais que regulam o dia-a-dia,
profissões, locais, bares e cafés
Podia falar da amizade como ela é e esquecer os fretes daqueles
em que se vai tropeçando
Podia falar da selecção brasileira que me escangalhou as
apostas
Eu podia falar do que já não me lembro, mas é isso… a
paciência para a memória continua a ser zero… ou nada
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