18 de outubro de 2013

Modern Love

Hoje não está um dia cheio de sol, mas podia estar. A manhã apareceu meio cinzenta, mas podia estar colorida de azul e luz. Está fresco e isso sabe bem. Começo a perceber o bem que sabe e consigo ouvir para além da letra e da música.

Não vou criticar (no sentido bom da coisa) o filme que vi ontem. Não sou crítica de cinema (ninguém me paga para isso e sou péssima a decorar nomes). Crítica só mesmo da vida em geral, de mim, dos que me rodeiam e dos que tiram a Santa Paciência do sério. Crítica amadora disto tudo e ponto. Vou apenas dizer que adorei. O “Frances Ha” é a caricatura de uma juventude que teima em amadurecer e isto é tão comum nos presentes dias. Eu mesma esqueço-me da idade que tenho e não é só aquele esquecimento (tão inconsciente…) de que este ano já tive o meu aniversário e que por isso devia contar com mais um, nem o facto de me arrepiar sempre que me tratam por “senhora”… É o esquecimento de estar já numa faixa etária que na altura dos nossos pais significava que a maioria das pessoas com trintas já estava a trabalhar há anos, a descontar, com filhos, com casa, planos, pés-de-meia… no fundo naquela fase em que já não dá para fugir muito à palavra adulto.

Hoje, olho para o meu mundo e não é isso que vejo (simplesmente ver... sem julgar). Vejo desencontros, vejo pessoas que teimam em não crescer, opções de vida por uma eterna juventude, imposições da vida por uma estagnação, desemprego, dependência financeira e sonhos adiados. Vejo o adiar da paternidade. Vejo isolamento. Isto no meio dos que quiseram e conseguiram ser adultos aos 30. Porque existe o poder e ainda o querer.

O filme de ontem não me trouxe apenas este reconhecimento do estado da Nação, tão conhecido, reconhecido e batido… 

E é aqui que entra a música e os dias que têm de ter luz mesmo que seja para lá da chuva cinzenta.Porque tem de ser. Porque somos diferentes dos os outros eram na casa dos 30.


Para além dos planos frustrados e dos ideais acabados, as histórias reinventam-se, os sonhos que são sonhos continuam a ser aqueles pelos quais se vai lutar, a música continua a mover corpos, persistindo a esperança na busca do cruzar de olhares único. Never wave bye-bye and try


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