Hoje não está um dia cheio de
sol, mas podia estar. A manhã apareceu meio cinzenta, mas podia estar colorida
de azul e luz. Está fresco e isso sabe bem. Começo a perceber o bem que sabe e
consigo ouvir para além da letra e da música.
Não vou criticar (no sentido bom
da coisa) o filme que vi ontem. Não sou crítica de cinema (ninguém me paga para
isso e sou péssima a decorar nomes). Crítica só mesmo da vida em geral, de mim,
dos que me rodeiam e dos que tiram a Santa Paciência do sério. Crítica amadora
disto tudo e ponto. Vou apenas dizer que adorei. O “Frances Ha” é a caricatura
de uma juventude que teima em amadurecer e isto é tão comum nos presentes dias.
Eu mesma esqueço-me da idade que tenho e não é só aquele esquecimento (tão inconsciente…)
de que este ano já tive o meu aniversário e que por isso devia contar com mais
um, nem o facto de me arrepiar sempre que me tratam por “senhora”… É o
esquecimento de estar já numa faixa etária que na altura dos nossos pais significava
que a maioria das pessoas com trintas já estava a trabalhar há anos, a
descontar, com filhos, com casa, planos, pés-de-meia… no fundo naquela fase em que
já não dá para fugir muito à palavra adulto.
Hoje, olho para o meu mundo e não
é isso que vejo (simplesmente ver... sem julgar). Vejo desencontros, vejo pessoas que teimam em não crescer, opções de vida por uma eterna juventude, imposições da vida por uma
estagnação, desemprego, dependência financeira e sonhos adiados. Vejo
o adiar da paternidade. Vejo isolamento. Isto no meio dos que quiseram e
conseguiram ser adultos aos 30. Porque existe o poder e ainda o querer.
O filme de ontem não me trouxe
apenas este reconhecimento do estado da Nação, tão conhecido, reconhecido e
batido…
E é aqui que entra a música e os dias que têm de ter luz mesmo que seja
para lá da chuva cinzenta.Porque tem de ser. Porque somos diferentes dos os outros eram na casa dos 30.
Para além dos planos frustrados e
dos ideais acabados, as histórias reinventam-se, os sonhos que são sonhos
continuam a ser aqueles pelos quais se vai lutar, a música continua a mover
corpos, persistindo a esperança na busca do cruzar de olhares único. Never wave bye-bye and try.
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