…Santa paciência para as pessoas
que não conseguem perceber onde acaba o seu direito e começa o dos outros...
Greve: (s.
f.) Interrupção voluntária e colectiva de actividades ou funções, por parte de trabalhadores ou
estudantes, como forma de protesto ou de reivindicação.
Greve geral: paralisação
concertada de actividades a nível
nacional, em protesto contra determinadas políticas governamentais ou
institucionais.
Concertar: (v.
tr.) Combinar, ajustar, conciliar; Harmonizar,
decidir por acordo comum; (v. intr.) Concordar.
Concertação: (s. f) Acto ou efeito de
concertar ou conciliar.
Estado de sítio: situação
de uma praça, fortaleza ou povoação, cercada pelo inimigo.[Política] Medida
tomada em circunstâncias especiais, nomeadamente em caso de
perturbações sociais, para justificar certas restrições de liberdade, de
direitos e de garantias.
Intimidar: (v. tr.) Inspirar receio, medo
ou temor a.; (v. pron.) Sentir receio; sentir
acanhamento.
Direito: (s. m.) O que pode ser exigido
em conformidade com as leis ou a justiça; Faculdade, prerrogativa, poder
legítimo.
Civilização: (s. f.) Resultado dos
progressos da humanidade na sua evolução social e intelectual.
Posto isto: SANTA PACIÊNCIA para
as pessoas que percorrem as ruas a gritar para as lojas serem fechadas… a coagirem
quem passa na rua para os acompanharem ou a lançar olhares ao estilo Medusa (Ai não vens para a greve?!? Então petrifica-te para aí... não serves para nada).
Têm razão quando reclamam com os
excessos e abusos de poder que para aí existem, seja de quem for, mas muitas
das pessoas que andam a gritar na rua “pelo bem da humanidade” praticam os
mesmos actos abusivos ao impedirem pessoas que (é um facto) querem trabalhar. Isso:
existem pessoas que QUEREM trabalhar. Seja por que razão seja. E se querem, não
podem ser impedidas por outras. Que eu saiba ainda não estamos em período
revolucionário, nem em estado de sítio.
Manifestem-se pelos ideais que
defendem, falem, argumentem, exprimam os vossos pontos de vista.
Civilizadamente. Têm todo o (esse) direito. E ainda bem que o têm. Houve alguém que
lutou por isso. Mas, queridos manifestantes, não apavorem as pessoas que têm as lojas de rua com a porta
aberta e que têm de fechar as portas apenas para a procissão passar, abrindo-as
nova e imediatamente a seguir... quando o caminho “está livre”. Aquilo
que se assiste é um acto de intimidação. Ora não me parece correcto. Quem quiser fazer greve… faz. Quem
quiser ir “lutar”… vai.
Acredito que há muita gente que
gostava de fazer greve e não o faz. Não para ir para a praia... mas
para lutar por aquilo a que têm direito. Contudo não o faz, porque não se pode
dar ao luxo de perder um dia de ordenado.
Compreendo a greve e quem a faz “à
séria”. Compreendo quem quer fazer e não pode, pelas razões que só a essas
pessoas dizem respeito. Agora não compreendo piquetes. [«piquete de greve: grupo
de grevistas geralmente colocados à entrada do local de trabalho que asseguram
a execução das instruções de greve.» Execução… de instruções… calafrios
é o que isto dá. ] É provavelmente uma limitação minha (todos temos a
nossa limitação) mas não compreendo aquelas pessoas de colete que se pespegam
em frente aos locais de trabalho a intimidar quem vai trabalhar porque simplesmente
optou por não fazer greve.
A liberdade de pensamento e de
expressão funciona para os dois lados. Para se defender a sua liberdade e os
seus direitos tem de se compreender e aceitar que existe TAMBÉM a liberdade dos
outros e esses outros têm direito de opção. Se não querem carneiros para um
lado também não podem querer para o outro.
Isto tudo para não falar do
clássico (já é clássico) “abaixo o capitalismo” que sai, entre perdigotos, da
garganta dos manifestantes, que (vá… em bom número…) têm, pelo menos, dois
telemóveis, provavelmente um “Ai qualquer coisa”, um carro que não dispensam, a
roupa da marca xpto, etc e tal. The usual.
Eu sei que estou a generalizar.
Sei também que existem pessoas que optaram por fazer greve mesmo que isso signifique
viver ainda mais “à rasca”. Sei de pessoas que não têm dinheiro para “Ais” nem “Uis”.
Sei de pessoas que fazem greve sem coagir outros. Que respeitam a liberdade e
as opções de cada um. Que têm argumentos que vão para além do inimigo capitalismo. Fazem-no porque entendem que é o caminho, mesmo que não o
ideal, mas pelo menos o possível. Pelo menos fazem. Sei disto e respeito, assim como respeito
quem me respeita. E essas pessoas saberão que não são elas que estão aqui
retratadas. É o defeito da generalização.
Não é pessoal, é apenas a minha
opinião sobre a generalidade dos episódios que se assistem... greve após greve.